Russell vence, Mercedes respira e Norris joga fora pontos preciosos na F1

O GP do Canadá de 2025, disputado no circuito de Montreal, costuma ser um dos mais aguardados do calendário — seja pelo cenário urbano, pelas zonas de ultrapassagem ou pelos momentos históricos que carrega. Mas, neste ano, a etapa entregou menos do que prometia. A corrida foi morna, contida, e careceu de ação real durante boa parte de suas 70 voltas. O grande momento acabou vindo apenas nos instantes finais, quando Lando Norris bateu no muro durante uma disputa interna com Oscar Piastri. Um erro que mudou o curso da prova — e, talvez, do campeonato.

A monotonia em boa parte da corrida se deve, em parte, à proximidade de desempenho entre os carros do pelotão intermediário, o que gerou muitos trens de DRS e poucas oportunidades reais de ultrapassagem. Isso adiciona uma camada importante à análise sobre a fase atual da temporada: a evolução dos carros é evidente, mas ela também comprime as margens de manobra na pista. Quando todos andam no mesmo ritmo, o espaço para o imprevisível diminui — e foi exatamente o que se viu em Montreal.

Ainda assim, o GP serviu para reforçar uma dúvida que começa a surgir: a McLaren vai manter seu domínio nas pistas mais convencionais? Montreal é um ponto fora da curva em termos de traçado, e o desempenho da equipe inglesa ficou aquém do que se viu nas etapas anteriores. A resposta pode vir logo — e falaremos disso mais adiante.

Russell vence com autoridade; Mercedes conquista duplo pódio
No meio do cenário contido da corrida, George Russell emergiu como o grande nome do fim de semana. O piloto da Mercedes cravou a pole position no sábado e, com frieza e precisão, converteu a primeira colocação em vitória — sua primeira da temporada. Foi uma exibição tática, que exigiu leitura de corrida, controle dos pneus e cabeça fria para suportar a pressão de Max Verstappen.

Falando nele, o segundo lugar de Verstappen teve menos brilho, mas representou exatamente o que a Red Bull precisava: somar pontos importantes num fim de semana em que não tinha o melhor carro. O holandês segue próximo dos líderes na tabela e mantém sua regularidade como arma principal.

O destaque extra da prova ficou por conta de Kimi Antonelli, que garantiu o terceiro lugar e o primeiro pódio da carreira na F1. O jovem italiano entregou uma performance consistente e premiou a Mercedes com um raro duplo pódio, algo que há meses parecia improvável.

Um avanço pontual da Mercedes?
Apesar do excelente resultado, é preciso ter cautela: Montreal é uma pista de características muito específicas, com longas retas intercaladas por chicanes e freadas fortes — o chamado estilo “stop and go”. Esse tipo de traçado pode mascarar fraquezas e valorizar acertos pontuais de acerto aerodinâmico e equilíbrio de freios. Ou seja, o desempenho da Mercedes pode não se repetir tão cedo. Ainda assim, é possível dizer que a equipe deu um passo importante para se consolidar como líder do segundo pelotão, logo atrás da McLaren.

Do lado da Ferrari, o GP também teve nuances peculiares. Lewis Hamilton, que completou a corrida em sexto lugar, viveu um episódio inusitado logo no início da prova: atropelou um castor na volta 13, enquanto acelerava em ritmo forte. A equipe informou posteriormente que o impacto causou uma perda estimada de 20 pontos de carga aerodinâmica, o que teria custado cerca de meio segundo por volta ao longo do stint. “Eu senti algo, mas não sabia o que era. Olhei meu espelho e não vi nada. Me falaram que foi um castor e estou muito triste de ouvir isso. Eu adoro animais, então não é uma boa sensação. Também destruí o meu assoalho do lado direito”, disse Hamilton ao fim da prova.

O incidente chama atenção para uma característica única de Montreal: o Circuito Gilles Villeneuve está localizado na Île Notre-Dame, uma ilha artificial que abriga também um parque público e uma rica fauna silvestre. Castores são animais comuns na região, e não é incomum que apareçam nas áreas próximas ao traçado.

Lando Norris: erro grave no pior momento possível
Lando Norris cometeu um erro que pode custar caro no campeonato. A batida nas voltas finais, enquanto disputava posição com seu companheiro Oscar Piastri, foi evitável e desnecessária — especialmente em um momento tão delicado da temporada. O impacto no muro não trouxe apenas o abandono da corrida, mas também levantou questionamentos sobre a maturidade estratégica do piloto.

Com o resultado, Norris não marcou pontos e agora está 22 atrás de Piastri, que segue líder isolado do campeonato. O australiano, por sua vez, teve um domingo discreto, mas eficiente: cruzou a linha em quarto e ampliou sua margem com autoridade silenciosa. Caso abra 25 pontos, terá uma corrida inteira de vantagem — o que representa uma segurança considerável na disputa pelo título.

Olhos para a Áustria: o que esperar?
A Fórmula 1 retorna entre os dias 27 e 29 de junho para o GP da Áustria, no Red Bull Ring, um circuito que representa quase o oposto de Montreal: curvas de alta, trechos em subida e descida, e um traçado que favorece carros equilibrados e com boa tração. A expectativa é que a McLaren retome seu ritmo habitual, mas a Mercedes pode incomodar novamente — trata-se de uma pista onde a equipe de Brackley sempre teve ótimo desempenho histórico.

Se o Canadá foi uma exceção no calendário, a Áustria promete devolver à temporada seu tom habitual. Mas a tensão cresce: Oscar Piastri está mais próximo de consolidar uma liderança difícil de ser revertida, enquanto Lando Norris carrega agora não apenas a pressão dos pontos perdidos, mas também o peso da dúvida.

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