Peter Wright, um dos principais nomes por trás da era do efeito solo na Fórmula 1 durante os anos 1970 e 1980 com a Lotus, afirmou que a McLaren encontrou uma solução genial para sua asa dianteira, que escapa do controle da FIA mesmo após a aplicação da diretiva técnica TD018.
Em participação no podcast de Peter Windsor, Wright analisou o desempenho dominante da McLaren no GP da Espanha, quando Oscar Piastri liderou uma dobradinha da equipe, e sugeriu que a diretiva revisada para limitar a flexibilidade das asas, não teve efeito prático sobre o time britânico.
“Acho que eles (McLaren) conseguiram, de forma muito inteligente, uma asa dianteira que permite adicionar carga aerodinâmica conforme necessário para eliminar o subesterço em curvas de baixa velocidade, sem gerar sobresterço excessivo em alta velocidade”, explicou o engenheiro. “Isso é exatamente o que você quer.”
Wright destacou que a FIA consegue fiscalizar apenas a flexibilidade da asa, mas não outros tipos de deformações estruturais. “Infelizmente, pelos regulamentos da FIA, ninguém tem controle sobre incidentes com a asa ou com o flap, apenas sobre a flexão. Por isso nada mudou no GP da Espanha.”
Segundo o engenheiro britânico, a McLaren pode estar aplicando princípios já utilizados na indústria aeroespacial, onde o uso de materiais compostos permite controlar a deformação de estruturas conforme o desenho das camadas.
“Na indústria aeronáutica, com o uso de compostos, o posicionamento das camadas serve para ajustar como a estrutura se deforma. Tenho quase certeza de que eles estão aplicando isso”, afirmou.
Ele ainda explicou como o design pode estar influenciando o desempenho aerodinâmico: “Quando você varre a asa para cima, o centro de força fica atrás do ponto de montagem. Isso gera uma torção que levanta o nariz da asa e reduz a carga aerodinâmica. Há coisas muito inteligentes acontecendo ali”, completou.
Wright, que trabalhou sob a liderança de Colin Chapman na Lotus, foi um dos precursores do uso do efeito solo na F1 e segue atento às inovações técnicas na categoria. Para ele, a McLaren acertou em cheio com uma abordagem que, por enquanto, está fora do alcance das regras da FIA.